Ginástica e Circo
O movimento Ginástico Europeu ocorreu ao longo do século XIX, principalmente na Alemanha, Suécia. Dinamarca e França e na Inglaterra o do esporte, estas formaram as bases da Educação Física.
A partir dos métodos tendo seus princípios da cultura grega antiga, que enaltecia a saúde, a força e a beleza, tendo assim sua denominação a Ginástica como todas as atividades físicas. As práticas corporais, que se constituíam de saltos, corridas, esgrima, jogos, acrobacias, equitações, natação, exercícios preparatórios para guerra eram representados como ginástica.
A força, a energia, a resistência, a velocidade e o vigor estavam ligado à formação do caráter enquanto a moral e a virtude vinculados a ginástica.
Sendo assim num período de guerras e revoluções pelas conquistas de terras, a formação da Educação Física e moral da ginástica estavam voltadas para fins nacionalistas de lutas pela pátria, isso gerou uma corrente do Movimento Ginástico Europeu, que concebia a formar indivíduos saudáveis, fortes e de caráter para servir a nação.
A ginástica ganhou um sentido utilitário, ou seja, toda atividade era revertida para servir a pátria. Como nadar seria útil para ajudar um compatriota ou atravessar um rio. Quanto ao que diz respeito aos exercícios ginásticos, este era dirigido ao trabalho, pois tinha como finalidade o rendimento da pessoa no trabalho e conseqüentemente a colaboração para o desenvolvimento do país.
Em contra partida consta outra corrente da ginástica, denominada Ginástica Natural, Método Natural. Este não tinha ligação alguma com os anseios da nação, mas na pessoa em si.
Ou seja, os benefícios que a ginástica proporcionava eram voltados para o praticante, sendo assim a ginástica no sentido de lazer, que tem como cerne a liberdade e o prazer, como pular corda, mãe da mula, jogar ou brincar com bolas, etc.
Contudo a ginástica incorporou características que impregnou no século XIX. Voltou-se a pesquisas, à classificação, a comparação a partir de descobertas de leis e com caráter ordenativos, disciplinados e metódicos. Nesses estudos que estruturaram a ginástica, desenvolveram a necessidade de criar aparelhos e máquinas com fins de aumentar a força, corrigir posturas, aprendia-se a nadar, por exemplo, em aparelhos.
Havia nessa época outra face do movimento corporal: as praticam corporais populares, manifestadas nos circos e nas feiras, porém essas práticas foram abafadas pelo espírito cientifico, segundo a autora Carmem Soares.
Os artistas populares não tinham comprometimento utilitário de servir a guerra ou ao mundo do trabalho, dento desses artistas encontravam-se saltimbancos, contorcionistas, acrobatas, etc. Os movimentos executados por eles tinham a expressão de liberdade de um corpo ágil e alegre que desejasse divertir o povo.
Desta manifestação corporal, houve o fascínio de todas as camadas, e passaram a merecer atenção e medo por parte dos médicos, higienistas, e filantropos que cuidavam do corpo, pois poderia essas idéias dominar as moldadas pela concepção cientifica.
“Os artistas invertiam as ordens das coisas, andavam com as mãos, contorciam-se, encaixavam-se em caixas, em cestos, imitavam bichos, vozes, produziam sons com as mais diferentes partes do corpo, cuspiam fogo, vertiam líquidos inesperados, gargalhavam, viviam em grupos”.
Opunham-se, assim, o novo cânones do corpo acabado, perfeito, fechado, limpo, isolado que a ciência construía, de vida fixa e disciplinada que a nova ordem exigia. (SOARES, 1998, p.25).
Essas manifestações lúdicas dos artistas circenses traziam o resto da cultura da Idade Média e do Renascimento, uma cultura não oficial, popular da praça, das ruas e dos dias de festa.
A universalidade referente à vida determina o caráter alegre e festivo nas manifestações corporais.
As apresentações de rua dos circos manifestavam a liberdade que fora aprisionada pelo saber cientifico e mostravam o que deveria ficar oculto eram contrarias a elite que se firmava no século XIX a qual a ginástica se identificava.
Sendo assim, a cultura corporal popular, com movimentos imprevisíveis e ousados dos artistas, deveriam ser reinventados com a identidade da ginástica cientifica, ou seja, de acordo com as ordens estabelecidas com ações previstas e de utilidade da vida cotidiana. A partir daí a ginástica controlada com postulados da burguesia como fixidez, limpezas, prudência, segurança e produtividade, ela poderia ser adotada em ginásios e escolas.
Assim ocorreram com os parelhos utilizados no circo, como barras e trapézios, nos quais a ginástica se inspirou, os cientistas tinham como bases nos seus trabalhos aparelhos que explicavam sua utilização.
Não poderiam nunca ser os parelhos da ginástica do circo, pois esta não tinha critérios de segurança, de aplicação adequada da força e ainda sem nenhuma utilidade. Na visão de Amorós, os aparelhos estavam associados à mecânica dos movimentos, que eram explicados a partir da mecânica das máquinas.
A ginástica popular do circo foi reinventada com dados científicos, desenvolveram entre suas praticas aquelas populares do circo onde se tinha a espontaneidade, a diversão, o prazer e lhe deram o rosto da ciência e da técnica.
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