quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Capoeira
A história – Origem
Eram os Negros tirados do seu habitat natural, colocados nos porões dos navios e levados para os novos horizontes recém-descobertos pelas grandes potências européias da época.   Chegando á nova Terra, eram repartidos entre os senhores, marcados a ferro em brasa como gado e empilhados na sua nova “moradia”: as prisões infectas das senzalas.
Aqui no Brasil, Terra de “Santa Cruz”, tinham uma função de cumprir: assegurar a posse da nova terra, desbravá-la e transformá-la em  grande produtora de riqueza para os seus senhores e a coroa portuguesa.
Eram nos meados de 1600, mais ou menos, época áurea dos grandes descobrimentos, do mercantilismo da revolução comercial, onde o lema era: ”Mercadoria- Dinheiro-mercadoria”.
E os Negros eram uma dessas valiosas mercadorias; trabalhando num regime de sol a sol, comandos pelos chicotes dos feitores, ele derrubavam a mata, preparavam a terra, plantavam a cana e produzia, com os amargos do seu sofrimento, o açúcar, doce riqueza dos seus senhores.
Após intenso dia de trabalho, estropiados pelo cansaço e castigo, eram recolhidos aas senzalas, davam-lhes lavagem como ração e novamente eram trancafiados, á espera de... ”um amanhã igual ao hoje”. Sem conhecerem a nova terra, apartados de sua família e dos seus hábitos e costumes, sem falarem a mesma língua, PIS eram dividido em grupos de dialetos diversos para dificultar-lhes a comunicação e eventual organização e rebelião, doentes, subnutridos, acuados como bichos, sem acessos a qualquer tipo de armas e totalmente vigiados, para os escravos era muito difícil lutar e reagir contra esse estado de coisas, porem, os negros nunca deixaram de lutar, e reagiam das mais diversas formas: desde a fuga incerta e o suicídio, até a morte do seu opressor imediato, mesmo sabendo da conseqüência fatal desse ato – pois, ao contrario do que muitos pensam os escravos nunca aceitaram passivamente a escravidão, o que lhe faltava eram condições propicias para a luta em massa e organizações ( O que veio acontecer mais tarde, a partir das invasões holandesas em Pernambuco).
                Com as invasões holandesas  (1624-1630), as fazendas e engenhos do Nordeste sofrem certa desorganização temporária, dada a atenção desviada dos senhores e governantes para a expulsão dos invasores, diminuindo por certo período, em conseqüência desse fato, a rigidez e vigilância exercia até então sobre o escravo.
Sedento para livrar-se do sofrimento, e aproveitando-se do incidente das invasões holandesas, os negros vêem chegar à grande possibilidade da fuga, escapulindo em massa para as matas e agrestes nordestinos, formando os quilombos, sendo o quilombo de palmares um dos mais importantes, sede maior de todos os outros redutos de negros fugitivos. Organizando-se social e politicamente a moda das sociedades tribais da áfrica, os  negros criam as suas próprias leis, escolhem um rei, Gamga Zumba, mais tarde substituído por Zumbi, o grande general das armas, que entrou para a historia devido aos grandes feitos realizados em defesa do reduto de Palmares.                                          Nos Quilombos os negros se escondem e d protegem, sobrevivem comunitariamente, recebem negros fugidos de todas as partes, se fortalecem e revivem com fé todas as suas manifestações culturais.                                                                                                                                                          È a força unida na luta pela vontade de ser gente.                                                                                                                         (Areias, Almir  / P -11)




Na imitação dos animais e na agilidade do corpo – A arma da Luta.    
Novamente sob o domínio da coroa portuguesa e é necessário restituir a ordem interna. Senhores e governantes empregam todos os esforços  e atenção sobre os escravos fugidos. É necessário trazê-los de volta ás senzalas, pois representam a base da economia escravocrata. Trata-se de uma mercadoria valiosa para seus                                                                                                                                                                                                          Proprietários custaram dinheiro e, além disso, soltos, representam uma ameaça ao sistema vigente. Por isso necessário recuperá-los a todo custo. Para tanto, além dos inúmeros capitães – de – mato, contratados pelos senhores com a função de caçar negros fugidos, os governantes forma varias expedições armadas até os doentes, com o objetivo de desarticular e acabar com os quilombos, restituindo os negros ao cativeiro, porém, os negros, conhecedores das intempéries do jugo da escravidão, jamais aceitaram voltar a ser cativos, e por isso, lutam.
Os capitães - de – mato se espalham por toda parte á cata de negros fugidos, as expedições investem contra os quilombos, e os negros resistem.
“Não possuindo armas suficientes para se defenderem, quase nem mesmo as armas convencionais da época, torna-se necessário para os negros descobrir uma forma de enfrentar as armas inimigas”. Movidos pelo instinto natural de preservação da vida, os escravos descobrem no seu corpo a essência da sua arma.
“Tendo como mestra a mão e natureza, notando nas brigas dos animais as marradas, coices, saltos e botes, utilizando-se das estruturas das manifestações culturais trazidas da África (como, por exemplo, brincadeiras, competições, etc., que La praticava em movimentos cerimoniais e ritualísticos), aproveitando – se dos vãos livres que aqui abriam no interior das matas e capoeiras, os negros criam e praticam uma luta de autodefesa para enfrentar o inimigo.”
È o surgimento da arma do corpo, enfrentando rifles e canhões para defender a qualquer custo o direito a vida. Essa arma é assimilada e, mais tarde, batizada com o nome de “capoeira”. As capoeiras, mato onde se entrincheiravam e exerciam seus treinos, emprestam-lhe o primeiro nome: Capoeira.
(Areias, Almir  / P -13).




Quilombos e Zumbi dos Palmares.
O desejo do negro era a liberdade e voltar á terra mãe: a África. Mas por não terem grandes possibilidades, seus confrontos com capitães – de – Matos foram inevitáveis, ou seja, por não terem chances de voltarem a sua terra natal, os  negros constituíram copias deste sonho no meio das matas brasileiras”... visto que nos Palmares havia ‘um governo central despótico’, semelhante aos da áfrica na ocasião...” Surgiram então, os grandes quilombos,  aldeias que acolhiam e mantinham toda riqueza afro, desde a cultura até os temperos, e neste  sentido,  a resistência contra os ataques de destruição durou por muitos anos. Em outras palavras, com o objetivo de”... Livrar-se do sofrimento, e aproveitando-se do incidente das invasões holandesas, os negros vêem chegar  à grande possibilidade de fuga, escapulindo em massa para as matas e agrestes nordestinos, formando os quilombos, sendo o Quilombo dos Palmares um dos mais importantes, sede maior de todos os outros redutos de Negros Fugitivos”.       Desta forma acredita-se que: "A singularidade dos Palmares, entre os muitos quilombos do Brasil, está em ter vivido 65 anos (1630-1695), não obstante as dezenas de expedição que os brancos, a partir de 1644, enviaram para reduzi-lo”. Uma observação importante é que está data de Palmares se contrapõe a estudos mais recentes que afirmam outras datas como inicio deste quilombo, ou seja, que os dados que assinalam o ano de 1630 referem-se a quando começou a se desenvolver e não que tinha sido inicio, assim, “ Palmares surgiu no inicio do século XVII e começou  a crescer bastante por volta de 1630.                                                                                                                                   “Em 1645 tinha mais ou menos 6.00 pessoas, em 1675 já tinha por volta de 20.000”. Sendo assim , supõe-se que em vez de 65 anos, Palmares tenha vivido aproximadamente 100 anos, contando do inicio daquele século até a morte de zumbi, que marca o fim de Palmares. Alias, por necessidade natural de sobrevivência, os negros conseguem derrotar mais de 24 expedições e manter a luta e organização dos quilombos por quase cem anos.             Dentre vários personagens dos Palmares, Tempos Zumbi, que bem organizou a liderança do quilombo a fim de durar muitos anos de resistência contra as expedições. “Sua importância para a historia dos Quilombos é fundamental e todos os quilombolas tinham como verdadeiro rei, o personagem que contrariara a concepção que se tinha do negro, Isto é, Zumbi irá, por meio de suas façanhas e mandingas”, interferir no poder do branco mostrando que  o negro também era capaz de manter vivo por sua destreza e malicia, Os negros de fora do  quilombo consideram ‘imortal’ o chefe Zumbi – a flama da resistência contra as incursões dos brancos.                      
Sua autonomia fazia com que ou outros negros o acompanhassem em suas decisões, construindo um exercito a seu favor e a toda a gente quilombola palmarina. Mesmo sem ter-se criado junto aos demais negros palmarinos – pois Zumbi tinha sido ainda recém-nascidos, capturado e dão um padre pra criá-lo – Zumbi nunca abanou seu povo, lutando até o fim para não ter que se entregar ao inimigo.
Sabe-se que nos Palmares, antes de Zumbi, havia um líder que, segundo relatos, era tio de zumbi e administrava o quilombo. Ganga Zumba era o nome deste antecessor de Zumbi. Ele era o responsável pelos vários mocambos, pequenas aldeias de negros onde tinha o apoio de vários outros negros. Ate a entrada de Fernão Carrilho em 1677, os palmarinos eram governados por um rei, Ganga Zumba, que se valia de um conselho de chefes, provavelmente composto pelos chefes dos vários mocambos.
Ganga Zumba tinha pretensões de fazer as pazes com os seus inimigos, dando liberdade somente aos nascidos nos quilombos, porem sua idéia  não era aceita por todos os quilombolas. Esta façanha poderia trazer riscos   para os quilombos gerando divisões  e revolta contra eles. Zumbi, que era o general das armas, parecia também não concordar  com a idéia de paz proposta por Ganga Zumba e “... depois de feita as pazes, em 1678, os negros mataram o rei Ganga Zumba, envenenando-o, e zumbi assumiu o governo e o comando em chefe do quilombo.
Foi então em via deste ocorrido, que Zumbi passa a liderar os negros e marcar seu nome na historia, não por ser sobrinho de Ganga Zumba, Mas por ter feito de Palmares uma verdadeira fortaleza que durou e resistiu a varias expedições por 60 anos, como se houvesse a proteção é provável que esse nome Zumbi fosse um titulo ao apelido , talvez  mesmo simplificado de um nome maior, com a significação de deus da guerra, que empresta um documento da época, negro de singular valor, grande animo e Constancia rara.
Por  fim a, após muitos anos de resistência, o quilombo dos Palmares no reduto do Barriga fala penetrando, depois de resistir por mais de vinte dias  aos ataques dos homens comandados por Domingos Jorge Velho. Muitos mortes acorreram por causa do confronto. O comando e o pensamento dos quilombolas eram somente a fuga. Dentre os fugitivos, Zumbi era um deles, ou seja, a perseguição continua por mais algum tempo, até que capturassem Zumbi.
Conta-se que o próprio Zumbi fora traído e capturado pelos homens do governo. Provavelmente os paulistas torturaram o mulato, pois este, temendo que fosse punido por seus graves crimes, prometeu se que, se lhe garantissem a vida em nome do governador, se obrigava a entrega o “traidor” Zumbi. A oferta foi aceita e o mulato cumpriu a palavra, guiando  tropa ao mocambo do chefe negro...
O líder negro pelejou e lutou até o fim ferindo e matando desesperadamente alguns homens, mais foi morto e degolado.
(Silva/Jose Milton Ferreira da / P -36)
Abolição da escravatura.
                Em 1888, pelas razões históricas já conhecidas, da-se a Abolição da escravatura. Porem, com a libertação dos escravos surge um grave problema social: o de não se ter onde empregar toda aquela mão de obra provinda do cativeiro. Então, sem condições de trabalho e sobrevivência Vagando pelas estradas do rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia e acorrendo aos grandes centros urbanos e da época, os negros encontram-se á margem da sociedade.
(Silva/Jose Milton Ferreira da / P -48)
                                                                                                                                                                                                         5
A Proibição Deodoro da Fonseca.
Em 1890 durante o governo de Deodoro da Fonseca, proibiu a pratica da capoeira em todo território nacional, o código foi reforçado por penas pesadas contra os capoeiristas, mesmo com toda proibição não foi extinta.
Decreto nº487 que dizia no Capítulo XIII o seguinte a respeito dos vadios e capoeira:                                                                  Art. 402. Fazer nas ruas e praças publicas exercícios de agilidade e destreza corporal conhecidos pela denominação de capoeiragem: andar em correrias com armas ou instrumentos capazes de uma lesão corporal, provocando tumultos ou desordens, ameaçando  pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal>: Pena – De prisão celular de dois a seis meses. Parágrafo único. É considerada circunstancias agravantes pertencer a capoeira a algum modo bando ou malta. Aos chefes ou cabeças se imporá a pena em dobro:                                                                         Art. 404. Se nesse exercício de capoeiragem perpetrar homicídio, provocar lesão corporal, ultrajar o pudor publico e particular e, perturbar a ordem, a tranqüilidade e a segurança publica ou for encontrado com armas, incorrera cumulativamente na penas cominadas para tais crimes.
(Silva/Jose Milton Ferreira da / P - 50)



Mestre  Pastinha e Mestre Bimba ( Capoeira de Angola Capoeira Regional).
                Foi Justamente nesta época, em tanta discriminação a Arte, ao jogo da capoeira, que nasce na Bahia, exatamente no ano 1889, Vicente Ferreira Pastinha, o mestre pastinha. Foi ele o responsável em organizar este Jogo de corpo a fim de manter suas tradições e cultura afro dentro desta modalidade brasileira de luta, jogo e dança. No entanto, por ser o organizador, não quer dizer que ele tenha sido o fundador, alias,  conta-se que  por volta dos seus doze anos, às escondidas Pastinha aprendia os primeiros passos  da ginga da capoeira, além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o Africano seu professor, ou seja, isso mostra que antes de pastinha a capoeira era praticada desta, não se percebia muito sua pratica. Era muito as escondidas que ocorria o jogo de corpo da Capoeira.
Pastinha tinha grande personalidade e, por isto, recebia reconhecimento dos que exerciam o jogo da capoeira. Era mestre em comunicar-se, pois conseguia, na roda, expressar sem abrir a boca, sabia da riqueza corporal que podia explorar e, era assim que fazia: o corpo falava por ele.
Ele era defensor da capoeira de angola e sua concepção a respeito desta era de uma junção de culturas brasileiras e africanas, ou seja, a capoeira para ele era afro-brasileira. Segundo ele, sobre o jogo conhecer as leis e ritual, saber brincar, cantar, dançar, ser malicioso, mandingueiro, são qualidades mais importantes de que a simples eficiência marcial dos golpes.
Neste mesmo período, Np dia 23 de Novembro de 1899 nasce, também na Bahia, no bairro do engenho velho, freguesia de brotas, Manoel dos Reis Machado, aquele que irá revolucionar a capoeira, dando-lhe um rumo novo, no sentindo de reconhecimento mundial.
Logo “ Aos doze anos começou a aprender a capoeira com o africano Bentinho, capitão da Cia de Navegações Baiana.  Os treinos eram duros e tinha um aspecto marcial, de luta, combate. Mestre Bimba ( como era conhecido em decorrência de uma aposta que sua mãe fez  com a parteira, em  que dizia ser mulher e nasceu homem e, então por causa de uma frase na hora do parto, “olha o bimbinha dele”, é que assim criou- se  o seu apelido) tinha pretensões de retirar a capoeira do código penal, a fim de que sua pratica fosse conhecida por todos e não houvesse mais a repressão da sociedade. 
Em vista disto, Bimba constitui um novo estilo de capoeira, ou seja, acaba adequando á já formada capoeira Angola, um jeito mais ligeiro e eficaz, com características marciais, em  que o capoeirista é convidado, num espaço e tempo,  a demonstrar agilidade e flexibilidade para não se deixar ser tocado ou ferido pelo ataque do companheiro.
Alguns comentários a esse respeito, e aqui cito os de mestre João pequeno, formando pelo mestre pastinha, que comenta sobre mestre Bimba e sua nova escola de capoeira; “ diz ele que fez a Capoeira regional, porque a capoeira  Angola é muito fraca, então boto golpes de outras lutas na capoeira e fez a capoeira regional.
Considerando a citação de Mestre João pequeno, vamos mais além, observando a pessoa de Vidigal, o major da guarda de tudo que já comentamos, faríamos outra reflexão, o qual não afirmaria mestre bimba como o criador da regional baiano, ou seja, na verdade, mestre bimba só estaria inovando uma característica já praticada pelo major Vidigal, que aperfeiçoou a própria capoeira para combater a capoeiragem solta e desorganizada. Assim, a comparação entre os dois parece coerente, pois ambos, major Vidigal e mestre bimba, só acrescentaram a pratica uma característica mais apropriada para o combate marcial, uma vez que já havia a capoeiragem e a capoeira de Angola, consecutivamente.
Este novo estilo criou tanta fama  e obteve tantos adeptos que seu processo para pratica livre não tardou e, foi uma oportunidade política, em que Getulio Vargas fazia um discurso eleitoral, na década de 1930, que mestre bimba pediu autorização para uma apresentação se seu grupo e, dada a permissão, ocorreu então o jogo da capoeira regional Baiana que parecia ao presidente poder contribuir para seu poder, ou seja, liberando-a, teria o apoio daquela massa que praticava a luta-dança. Foi justamente isso que ocorreu, é decretado por Getulio Vargas a pratica livre da Capoeira, que agora é considerada o esporte genuinamente brasileiro.
(Silva/Jose Milton Ferreira da  /P -51)
Defesa e ataque.
                A Ginga – O som de um berimbau ecoa pelo salão, pandeiro e atabaque o acompanham, um canto é puxado, o coro responde e tudo começa pela ginga. Ela é o movimento-mestre de todos os movimentos da capoeira. Sem ginga não tem capoeira, ela é a coluna vertebral dos movimentos da capoeiragem. É ela que proporciona ao capoeirista em constante movimento, para não se tornar alvo fácil do seu opositor. É ela que possibilita movimentar-se em todos os sentidos e direções, Tendo ao mesmo tempo a visão das quatro direções: norte, sul, leste e oeste, permitindo-lhe defender-se ou atacar ao mesmo tempo vários adversários.
É também a ginga que proporciona todo equilíbrio ao capoeirista, pois força a troca constante de apoio, o que, aos olhos de quem ta observando, faz parecer que o capoeirista está sempre em desequilíbrio. É a partir da ginga que o capoeira dá cadência ao ritmo dos movimentos de seu corpo, trabalhando no tempo e contratempo, porém nunca fora do compasso. E, finalmente, é a partir da ginga que o capoeira faz suas presepadas, as suas fintas, os seus disfarces, para enganar o opositor, e é com ela que ele faz a sua dança, solta o seu sorriso e vara o espaço com seus movimentos, quase que desafiando a lei da gravidade, tornando-se leve como uma pena, voando como um pássaro e espreguiçando-se como um gato. Mas como é a Ginga? É nada mais nada menos que um andar de Malandro, com seu espaço faceiro e elegante, andando parado se movimentado em todos os sentidos e direções.
Defesa - É a partir da ginga que o aluno começa entrar em contato com a gama imprevisível dos movimentos da capoeira: as defesas, os ataques, os  saltos, as fintas e acrobacias. Porém, a propriedade inicial é dada as defesas, pois a capoeira, antes de ser uma arte para o domínio da opressão, é um triunfo e um segredo para o oprimido se defender do opressor. Essa foi a historia de sua origem. É por isso que, antes de tudo, a capoeira  precisa aprender a defender-se, o ataque é um simples conseqüência e continuação da defesa, embora toda defesa seja simultaneamente um ataque. Tudo começa pelo instinto natural da preservação,  de proteger o corpo e preservar a vida livrando-se do perigo. O Comando vem do reflexo instintivo, que emana ordens aos músculos para que o corpo se agache, se esquive, negaceie e saia da mira do ataque adversário, usando a Força deste contra ele próprio.                         
Neste principio, baseiam-se as principais defesas da capoeira, quase todas elas com objetivo desequilibramte, com exceção de duas ou três.
O capoeirista nunca apara um ataque adversário para em seguida atacá-lo, ele tira seu corpo da mira do ataque, agachando-se ou esquivando-se, porém simultaneamente atacando. É por isso que a capoeira se caracteriza como sendo uma luta defesa ou de ataque, e sim as duas coisas ao mesmo tempo, o que a diferencia de todas as outras lutas. O que existe porem, é que alguns movimentos se caracterizam mais como defesas e outros mais ataques.
É dentre os movimentos que se caracterizam mais como defesa que vamos encontrar aqueles executados em plano baixo, como: Negativa, rasteira, rasteira em pé, tesoura, cocorinha, mola pra trás. Porém, como já disse todos esses movimentos, com exceção da mola ora trás e cocorinha, podem ser simplesmente um ataque, basta que o capoeirista seja aquele que tome a iniciativa de atacar.
Ataque – Após o aluno ter assimilado as primeiras de defesa básicas, ele inicia o aprendizado dos primeiros ataques. Essa iniciação começa pelos movimentos mais simples e fáceis de assimilar, o que Dara ao aluno uma base para mais tarde iniciar-se nos movimentos mais complexos. 
Os movimentos mais simples da capoeira encontram-se nos movimentos laterais e retos, e dentre estes temos: meia-lua de frente, queixada, martelo, benção, chapa, cabeçada e joelhada. Em seguida, passamos ao aluno os movimentos giratórios, já mais complexo e perigosos, tanto para quem ataca como para quem defende, pois eles são imprevisíveis e enganadores. Dentre estes, destacam-se a meia lua de compasso, armada, martelo voador, chapa giratória e o chapéu de couro. Esses golpes são os que mais habilidade requerem tanto do corpo como do raciocínio do capoeirista livra-se do contragolpe. Porém, são também os mais belos e fascinantes.
Finalmente, passamos ao ataque de impulsão, nos quais os alunos executam o movimento sem nenhum contato com o solo, quase que num desafio á lei da gravidade, varando o espaço, tomando a forma de um gato, um pássaro, e retornando ao solo leve como uma pena, Estes movimentos são simplesmente Fantásticos; nesse momento é como se o capoeirista encontrasse o seu ápice, num desafio a si próprio, e realizasse o sonho que todos nós temos de voar. Dentre esses movimentos encontra-se: Chapa giratória pulada, vôo do morcego e parafuso.
(Areias, Almir  / P -85).
Saltos e Acrobacias.
                Simultaneamente ao aprendizado dos ataques a das defesas, o aluno aprende os primeiros saltos e acrobacias da capoeira. A finalidade primeira desses movimentos é de propiciar ao aluno flexibilidade, elasticidade, agilidade e equilíbrio.  Contudo, esses movimentos têm outras finalidades tão importantes e fundamentais ao universo do capoeiristas quanto as já citadas. No Plano da luta, eles são, ao mesmo tempo, movimentos de ataque e defesa, pois a arma e a luta são a coluna vertebral do corpo da capoeira devido á historia da sua origem e evolução, a qual já vimos no começo e decorrer desse trabalho. Porém, como vimos, todo movimento que servia como arma ao capoeirista era também utilizado por ele como forma de manifestação e expressão dos seus sentimentais, formando-se, assim, junto com a musica, o canto, a dança e o ritual, o restante do corpo da capoeira.
É ai que os saltos e acrobacias da capoeira são para o capoeirista um verdadeiro no êxtase de crença em sua capacidade, habilidade, beleza e desempenho.
É saltando, contorcendo-se e equilíbrio o seu corpo nas posições mais difíceis e imagináveis que o capoeiristas se sentem grande, liberto há ao mesmo tempo uma criança peralta e tendo sensações de um gosto que só ele sabe definir.
Dentre esses movimentos, encontram-se os vários tipos de Aus, S dobrado, Santo Amaro, Pulo do macaco, o fascinante pulo do gato, pulo moral, Bananeira, ponte para trás, ponte para frente e a deliciosa e excitante ponte voltando.     
(Areias, Almir  / P -90).
Graduação.
                Um curso de capoeira tem geralmente a duração de dois anos. Porém, dependendo do aluno, o curso pode ser concluído em mais ou menos tempo. A roupa de treino dos capoeiristas é uma Calça e uma camiseta de cor branca e a sua graduação é identificada através de cordões que mudam de  cor conforme a evolução do praticante, chegar-se ao cordão mais desejado, que é o branco, o cordão do mestre.
A Identificação da graduação do aluno através das cores surgiu a partir da criação das federações estaduais de capoeira e foi defendida com entusiasmo pela federação Paulista,  que justificou o seu ponto de vista dizendo que, sendo a capoeira um esporte e uma luta genuinamente brasileira, nada mais justo que as cores usadas fossem as mesmas da nossa bandeira. Assim ficou estipulado, com exceção de algumas federações que também usam corem, porem com outra conotação, como, por exemplo, a de representação das cores dos orixás.
(Areias, Almir  / P -99).
Formatura.
                De todos os momentos, desde  que o aluno se iniciou pelos caminhos da capoeiragem, o mais esperado e ansiado por ele é o da sua formatura. Nesse dia, perante mestre de diversas regiões e estilos, ele se  apresenta e é julgado por quase todos do universo da capoeiragem. É nesse dia, também, que é cortado o cordão umbilical que o ligava a mãe academia, ao mestre, aos colegas e ao meio, durante dois ou três anos, o gestou, alimentou e protegeu. Nesse momento, ele nasce para um mundo heterogêneo de estilos, técnicas e objetivos diversos, o qual terá de percorrer, por conta e responsabilidade própria, em função de desvendar seus mistérios e segredos, ampliar os seus conhecimentos e criar o seu próprio estilo.
A estrutura funcional do ritual de formatura, assim como o seu festejo, é mais ou menos parecida com a do ritual do batismo, tendo apenas algumas diferencias típicas e necessárias, em função do estagio avançado do aluno e da sua responsabilidade dai pra frente. Nesse dia, os formandos organizados em grupo, comandam a festa. São de direitos os donos da casa e da festa e, de fato, os guardiões do Terreiro e do mestre. Mostra aos presentes tudo o que de mais importante e fundamental aprenderam: desde a técnica, destreza, defesa pessoal, tipos de jogos, cantigas e fundamentos, até a brincadeira.
                Para a avaliação do seu desempenho e habilidade em nível de jogo, o formando joga com outros formados de outras academias. A partir daí, é chegado o grande momento: o de jogar com os mestres, ao som da luna, quando o mestre procurará vencê-lo, sem agressão e violência, mas com habilidade e malicia, através de um golpe que o formando não encontre saída. Em seguida, o mestre que o formou ira-lhe o lenço da cintura, coloca-lhe o cinturão. Entrega-lhe o diploma e alerta-o com a frase cheia de sabedoria do poeta e filosofo mestre Pastinha: “ A “capoeira tem inicio, mas o seu fim e inatingível”.
(Areias, Almir  / P -105).





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